Em 14 de julho de 1995, Jürgen Zöller, colaborador do Instituto Fraunhofer para Circuitos Integrados, anunciou uma revolução – não com espalhafato, mas com simplicidade por e-mail. A frase que modificaria o armazenamento de dados de música e o mercado de diversão eletrônica foi a seguinte: „A extensão de nomes de arquivo para ISO MPEG Audio Layer 3 é .mp3.“
Embora seu e-mail tenha terminado com as palavras um pouco misteriosas „Há razão para isso, acreditem:-)“, nem Zöller nem seus colegas teriam imaginado que a tecnologia MP3 desenvolvida por eles conquistaria o mundo.
O óptico e fisico alemão Joseph von Fraunhofer (1787 – 1826) lançou, no início do século XIX, o alicerce para a construção de telescópios científicos. No entanto, não foram tanto suas descobertas, mas muito mais seu modo pragmático de proceder – a combinação de trabalho científico exato com aplicação prática à fabricação de produtos inovadores – que fez dele um exemplo e patrono da atual Sociedade Fraunhofer para a Promoção da Pesquisa Aplicada. Essa associação registrada foi fundada em 1949 e tem por objetivo realizar pesquisas voltadas para a aplicação em benefício direto das empresas e para o bem da sociedade. Somente no Instituto de Circuitos Integrados (IIS), em Erlangen, trabalham cerca de 12.700 cientistas em projetos com um volume de pesquisa acima de um bilhão de euros.
A tecnologia MP3 é uma invenção de Karlheinz Brandenburg. Já em 1989 o engenheiro elétrico e matemático descreveu, em sua tese de doutorado, técnicas que hoje constituem a base de muitas tecnologias modernas de audiocodificação e audiocompressão. Como diretor de departamento no IIS, ele desenvolve, junto à equipe e aos parceiros AT&T Bell Labs e Thomson, desde 1987, técnicas digitais econômicas em termos de espaço para o armazenamento de audiossinais, ou seja, música. É verdade que naquela época já havia tecnologia para a codificação digital de música ou línguas, porém os arquivos ocupavam muito espaço. Em seus trabalhos de pesquisa, Brandenburg e sua equipe se baseavam em conhecimentos da psicoacústica: o ouvido humano não consegue distinguir sons que tenham frequências muito parecidas, nem perceber sons muito suaves que imediatamente sigam ruídos fortes. Por isso, o grupo de pesquisadores eliminou do material base todos os sons que não são percebidos pelo ouvido humano, conseguindo assim reduzir consideravelmente a quantidade de dados. Três minutos de música ocupavam então menos de três megabytes; dito de outra forma, audiossinais 10 a 12 vezes mais longos do que até então puderam ser armazenados sem uma perda sensível de qualidade com a mesma quantidade de dados.
Em 1992, o Moving Picture Expert Group estabeleceu o padrão ISO/MPEG Layer-3 para a compressão de audiodados. Três anos depois, recebeu o nome definitivo, MP3. Mas não deveríamos imaginar que os pesquisadores do Instituto Fraunhofer fossem musicfreaks. Eles se dedicavam principalmente ao desenvolvimento de audiotecnologia para rádio digital, bem como para audio e videoconferências. Foi mais por acaso que sua invenção chegou à internet e fez com que ali surgisse uma avalanche. Inicialmente só alguns estudantes americanos trocavam entre si seus CDs no formato MP3. Porém, a partir do ano de 2000, programas de compartilhamento de músicas como Napster ou KaZaA registraram um forte boom.
Este desenvolvimento foi observado pela indústria de música com um olho que ri e outro que chora: de um lado, sofreu perdas financeiras, já que os dados podiam ser simplesmente copiados; por outro, surgiu um mercado totalmente novo para MP3 players portáteis – do pequeno USB-stick a produtos de prestígio como o iPod da Apple, com minidisco rígido embutido. Em 2005 foram vendidos na Alemanha cerca de 4,6 milhões de MP3 players. O Instituto Fraunhofer para Circuitos Integrados, porém, não acomoda sobre os louros. Nesse meio tempo, os pesquisadores desenvolveram o „MP3 Surround“, uma ampliação do som estéreo pelo som surround, bem como a tecnologia „Advanced Audio Coding“ (AAC) com o qual os dados podem ser comprimidos ainda mais. Talvez logo se escreva no Instituto Fraunhofer outro e-mail com a frase, agora legendária, „Há razão para isso ...“.
O Joint Video Team recebeu, pelo desenvolvimento do novo padrão de video MP4 (para ser mais exato: H.264/MPEG4-AVC), o Technology & Engineering Emmy AWARD, na categoria „Daytime“. Já no ano anterior, o padrão foi agraciado com o Emmy Técnica, na categoria „Primetime“. Com isso, o cientista do Fraunhofer Thomas Wiegand recebeu seu segundo Emmy. Os inventores do MP4 são os únicos agraciados com dois Emmys em categorias diferentes.
Fonte: dpa, www.land-of-ideas.org
Link www.idmt.fraunhofer.de
Fonte http://www.rio-de-janeiro.diplo.de
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